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Eixo
cadeias produtivas da biodiversidade marinha integrada às populações tradicionais

ESTUDO 1: dinâmica e biologia do Ucides cordatus

Em cada área de coleta selecionada, a densidade de U. cordatus é determinada uma vez na estação seca e outra na estação chuvosa, utilizando-se a metodologia de quadrados amostrais, com demarcação aleatória. A unidade amostral padrão tem 5x5 m (25 m2), independente do predomínio arbóreo do bosque de mangue (Figura 1). Um estudo mais detalhado, com amostragens mensais está sendo realizado em Acupe, Santo Amaro, BA.

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Figura 1: Esquema do delineamento amostral com representação das unidades amostrais de 5x5m (quadrados vermelhos) onde é monitorada a densidade (ind./m2) e estrutura populacional do caranguejo-uçá (Modificado de Pinheiro & Almeida, 2015)

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A estimativa do número de indivíduos é efetuada pelo método indireto, no qual se conta o número de galerias, considerando que em cada uma há um exemplar de caranguejo (Figura 2).

Figura 2: Atividade de contagem e marcação das tocas de Ucides cordatus nos manguezais da Baía de Todos os Santos.

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Apenas são contabilizadas as galerias com presença de animais em seu interior, sendo estas classificadas segundo três categorias: 1) galeria aberta com atividade biogênica (presença de rastros, fezes, movimentação recente do sedimento, etc.); 2) galeria fechada recente, coberta por um “tampão” de sedimento úmido; e 3) galeria fechada antiga, sem abertura visível (Figura 3). As galerias abertas sem atividade biogênica são consideradas abandonadas e excluídas das análises. De maneira semelhante, galerias com dupla abertura serão consideradas apenas uma vez. Assim que a galeria for contada, a mesma será marcada para evitar nova contagem (Figura 2).

A

B

Figura 3: Exemplos de tocas de Ucides cordatus. (A) toca aberta com atividade biogênica; (B) toca fechada recente.

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Além da estimativa da densidade esta metodologia também permite avaliar a estrutura populacional da espécie. Para tanto as galerias abertas com atividade biogênica tem o diâmetro de sua abertura medido com paquímetro adaptado (Figura 4). O diâmetro da galeria será então convertido na largura cefalotorácica do caranguejo, a partir de equações matemáticas específicas. Além disso, catadores de caranguejo locais retiram, de cada quadrado amostral, 5 caranguejos, através do método de braceamento (Figura 5). Dos exemplares coletados são colhidas informações sobre o sexo e medidas corporais. A presença de fêmeas com ovos é registrada para fins de determinação do período reprodutivo e estudos de fecundidade.

Figura 4: Medição do diâmetro da abertura da galeria de Ucides cordatus

 O Potencial de Extração Imediato (PEI) do caranguejo-uçá na área é obtido pelo cálculo da densidade de galerias com diâmetro compatível a indivíduos maiores que 6,0 centímetros de largura de carapaça, conforme Portaria de defeso pesqueiro vigente para o recurso caranguejo-uçá nas regiões Norte e Nordeste brasileiras (IBAMA n° 034/03-N, 2003). Por outro lado, o Potencial de Extração Futuro (PEF) é estabelecido pelos valores de densidade de tocas que abrigarem indivíduos de tamanho inferior a 6,0 centímetros.

Além dos dados de biologia populacional este projeto também avalia o estado de conservação de Ucides cordatus em cada área de coleta. Para tanto, são colhidas amostras de sangue de caranguejos machos adultos (acima de 6,0 centímetros) para análise da presença de células micronucleadas (efeitos genotóxicos), relacionada a possíveis contaminantes no ambiente. A equipe também faz a quantificação do lixo sólido presente nos manguezais e seus possíveis impactos nas populações de caranguejo uçá.

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ESTUDO 2: Comunidades faunísticas bentônicas dos manguezais

A partir de uma amostragem piloto, em cada ponto serão identificados os domínios amostrais homogêneos quanto à inclinação e regimes de inundação, faciologia do sedimento de fundo, incidência de luz, temperatura (os dois últimos utilizando Data Logger UA-002-08) e paisagem, para que seja estabelecido o dimensionamento amostral. Em cada unidade amostral será analisado o recobrimento percentual do substrato utilizando imagens de transectos em vídeo, com elementos amostrais quadrados, com de 1 m de lado, que serão rebatidos ao longo da área de amostragem. Quando necessário, indivíduos serão coletados para identificação taxonômica. As análises das imagens serão conduzidas nos programas Coral Point Count with Excel Extensions (Kohler & Gill, 2006) e ImageJ (National Institute of Health, USA). A partir dos dados obtidos serão calculadas a riqueza S, a diversidade de Shannon-Wiener, a equitatividade de Pielou e a Dominância de Simpson. Para a estimativa das similaridades entre os pontos amostrais em modo Q (elementos amostrais) serão conduzidas análises de Classificação, adotando os índices de similaridade de Kulczynski e de dissimilaridade de Bray Curtis. A interferência dos fatores físicos estudados na distribuição espacial da composição faunística na área de amostragem será analisada pelo método de ordenação utilizando nMDS (non-Metric Multidimensional Scaling). As rotinas de análises serão conduzidas utilizando-se o pacote estatístico PRIMER R 7 (Clarke & Warwick, 2001).

ESTUDO 3: Bioquímica e histopatologia do Ucides cordatuss

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COLETAS

Nas sete áreas, serão coletadas a hemolinfa na membrana artrodial do primeiro par de pereiópodo, utilizando-se seringa tipo insulina com um filme de citrato de sódio a 10% (LIGHTNER, 1996) e conservada a –70°C para posteriores análises bioquímicas. Caso necessário será centrifugada antes do armazenamento.

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ANALISES

As análises da hemolinfa serão realizadas em triplicatas. Em seguida serão determinados parâmetros bioquímicos da hemolinfa: dosagem de glicose e dosagem de proteína total 

Análises histopatológicas e bioquímicas de hepatopâncreas e brânquias: após a coleta da hemolinfa, os animais serão submetidos a baixas temperaturas em freezer até estado de letargia para facilitar manipulação, sendo sacrificados através de punção sob o gânglio supra-esofagial. Com auxílio de alicates, tesoura e pinças de aço inox, serão realizadas as dissecações para a remoção do hepatopâncreas e brânquias.

Para a microscopia óptica, os cortes histológicos serao realizados em micrótomo com espessura entre 5 a 7μm, corados em hematoxilina e eosina (HE).

As concentrações proteicas nos órgãos hepatopâncreas e brânquias serão estimadas através de ensaios colorimétricos segundo o método de Smith et al. (1985) em um espectrofotômetro.

Figura 4: Coleta do caranguejo-uçá por braceado/tapado e medição do abdomen

Figura 6: Emblocando o órgão em parafina e cortando no microtomo

Figura 7: remoção de hemolinfa e hepatopancreas 

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